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Saúde global na gestação – a importância dos nutrientes



A alimentação equilibrada e saudável é um hábito recomendado para toda a vida. Durante a gestação, a responsabilidade quanto à alimentação aumenta, por sua importância no desenvolvimento do bebê e manutenção da saúde da mãe. Uma nutrição adequada contribui para prevenção de uma série de ocorrências negativas durante o período gestacional, assegura reservas biológicas necessárias ao parto e pós-parto, e favorece o ganho de peso adequado da mulher.


No período gestacional, as necessidades de nutrientes estão aumentadas devido ao crescimento e desenvolvimento do bebê e às adaptações fisiológicas do organismo materno, o que aumenta o risco de deficiências de vitaminas e minerais. Deste modo, a ênfase na obtenção e manutenção de uma dieta nutricionalmente adequada é fundamental. As deficiências de vitaminas e minerais na gravidez estão associadas a resultados adversos à saúde, tanto para a mãe quando para seu recém-nascido. Um dos nutrientes mais lembrados desde o período pré-concepção é o ácido fólico. Sua deficiência pode causar anemia megaloblástica, aborto espontâneo, parto prematuro, baixo peso ao nascer e anomalias congênitas graves do cérebro e da coluna, como defeitos do tubo neural.

Outro nutriente bastante lembrado é o ferro, cuja deficiência é a mais comum no período gestacional, responsável por 18% da mortalidade materna e associada ao parto prematuro e baixo peso ao nascer. A deficiência materna de ferro durante o período gestacional também pode comprometer o desenvolvimento do cérebro do bebê, levando ao prejuízo na capacidade cognitiva, aprendizado, concentração, memorização e alteração do estado emocional. Isso porque a deficiência desse mineral está associada às alterações no metabolismo de neurotransmissores e na formação da bainha de mielina. Devido à dificuldade das gestantes em atender as necessidades de ferro somente pela ingestão dietética, é primordial que seja realizado um acompanhamento nutricional, para otimizar a absorção desse mineral. De forma geral, a Organização Mundial de Saúde recomenda utilização de suplemento oral diário de ferro e ácido fólico, com 30 mg a 60 mg de ferro elementar e 400 µg (0,4 mg) de ácido fólico para as mulheres grávidas, a fim de evitar anemia das mães, infecção puerperal, baixo peso à nascença e parto prematuro.

Apesar de bem conhecidos, o ferro e o ácido fólico não são os únicos nutrientes a serem considerados durante o período gestacional. Há o risco de deficiência de vários outros nutrientes, o que pode gerar riscos. A deficiência de iodo, por exemplo, é a principal causa de danos cerebrais evitáveis na infância. A deficiência de vitamina A afeta aproximadamente 19 milhões de mulheres grávidas em todo o mundo e está associada a um risco aumentado de complicações durante a gravidez e no período pós-parto. A grave deficiência de vitamina A na mãe também pode levar a baixas reservas de vitamina A no bebê, o que pode afetar negativamente o desenvolvimento e a sobrevivência pulmonar o primeiro ano de vida. A deficiência de zinco durante a gravidez pode causar parto prematuro ou prolongar o parto e está associado, por exemplo, a retardo de crescimento do bebê. O consumo inadequado de cálcio pelas mulheres grávidas pode levar a efeitos adversos efeitos na mãe e no feto, incluindo hipertensão gestacional, atraso fetal crescimento, baixo peso ao nascer e baixa mineralização fetal. Outros micronutrientes importantes durante a gravidez são vitamina D e vitamina B12 (especialmente em gestantes vegetarianas).

Além disso, a utilização de ômega-3 com bom conteúdo de DHA (ácido

docosahexaenóico) durante o período gestacional, especialmente no terceiro trimestre, está associada ao bom desenvolvimento cerebral do bebê, bem como uma melhor saúde cardiovascular ao longo da vida.

No momento da compra de suplementos contendo ômega-3, devem ser escolhidos aqueles livres de mercúrio e metais pesados. Níveis mais altos de mercúrio em crianças têm sido associados a déficits de memória, aprendizado e comportamento. Nos alimentos, peixes com alto teor de mercúrio, como tubarão, peixe espada, peixe-azulejo e carapau devem ser evitados.

Devido a todo aumento de demanda e risco de deficiências nutricionais,

multivitamínicos específicos para este período pré-natal são recomendados durante a gravidez, de forma a atingir a recomendação diária de ingestão de nutrientes. O importante é fazer uso de produtos específicos para esta fase, que levam em consideração as necessidades deste período.

Atenção: A suplementação deve ocorrer de forma paralela à alimentação saudável, sempre em sintonia com a mudança do estilo de vida.


 

Principais fontes consultadas:

1. Brasil, Senado Federal. Orientações Nutricionais: da gestação à primeira infância. 2015.

2. Kominiarek MA, Rajan P. Nutrition Recommendations in Pregnancy and Lactation. Med Clin North Am. 2016 November ; 100(6): 1199–1215.

3. Nutrition During Pregnancy. American College of Obstetricians and Gynecologists. Disponível em: <https://www.acog.org/patient-resources/faqs/pregnancy/nutrition-during-pregnancy>

4. Organização Mundial da Saúde. Recomendações da OMS sobre cuidados pré-natais para uma experiência positiva na gravidez. 7 novembro 2016.

5. Organização Mundial da Saúde. Use of multiple micronutrient powders for point-of-use fortification of foods consumed by pregnant women. Guideline, 21 March 2016.

6. Ministry of Health. 2006. Food and Nutrition Guidelines for Healthy Pregnant and Breastfeeding Women: A background paper. Wellington: Ministry of Health. New Zealand.

7. Guimarães AF, Silva SMCS. Necessidades e recomendacões nutricionais na gestação. Centro Universitário S. Camilo. São Paulo. v. 9. n. 2, p. 36-49, abr,/jun. 2003.

8. OMS. Diretriz: Suplementação intermitente de ferro e ácido fólico em gestantes não anêmicas. Genebra: Organização Mundial da Saúde; 2

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